domingo, 22 de agosto de 2010

De pé, de luto e gravando!

Após uma bizarra rasteira da vida, a morte de seu marido, irmão e genro quase que simultaneamente, a cantora Marina de Oliveira “não para”, mostrando que viver o que se canta é algo importante.
Mesmo tendo seu estilo musical sempre um pouco fora do eixo “adoracional meloso”, que o mercado e a igreja nacional aprova de olhos fechados, ela consegue reunir alguns seguidores de olhos e ouvidos bem abertos, onde sempre são convidados a confrontar e a experimentar estilos, sons e letras um pouco fora do comum. O que, aliás, é de extrema importância a aqueles que ao menos se dizem “ecléticos”.

Meio que forçada e quase que por coincidência, a diretora artística encontrou o repertório jogado ao fundo de seu carro. Onde levando para sua mãe, soube ter negado 1 ano atrás o mesmo. Gravado em tempo recorde, Marina entrou em estúdio. E mesmo visivelmente abalada, gravou uma a uma as canções do cd “Na Extremidade”.

A princípio tudo parecia muito clichê. A capa, “a La” arte do cd de PG e até mesmo um pouco sem noção.. a música antes apresentada na coletânea Amo Você 16.. o arranjo de Rogério Vieira.. enfim. Tudo assustava e causava certa estranheza a quem tinha entendido a proposta tão linear e simples do cd anterior “Eu não vou parar”.

Porém, fazendo uma força maior, ouvimos por inúmeras vezes o cd até amadurecermos uma idéia concreta sobre este que sim, tem um significado singular na carreira de uma das artistas que mais coleciona trabalhos e títulos na história da música gospel no país.

1) Na extremidade
A gente sabe que Anderson Freire tem uma coisa meio “Harry Potter” na hora de compor as músicas. A maioria das melodias “gruda” na gente de forma instantânea. E mesmo não tendo sido este o efeito inicial da canção, hoje é quase mantra implantado em nossas mentes.
A letra fala sobre os questionamentos e desafios da fé na vida da intérprete. E que ainda, ela não precisa questionar. Apenas aceitar e adorar. È uma música interessante que apenas careceu um pouco mais de back e de um arranjo mais intenso. Marina também parecia um pouco “travada” vocalmente. Mesmo mostrando ter tido acompanhamento com uma fono. Que aliás, (risos) não era Lílian de Azevedo... Psiu.. abafa...

2) Migalhas
Prima de todas as canções “pulantes” e divertidas já gravadas anteriormente. Nem precisamos dizer que ADORAMOS. Só o trocadilho “não vou comer migalhas da mesa do Rei” já é suficiente para você que curte um “oba oba”.

3) Chama por Você
Esta parece ter sido uma tentativa de algo diferente. A gente sabe que a cantora tem tentado entrar com tudo no mundo do “rock”. O que sem dúvida deve irritar e muito a alguns tradicionalistas de plantão. A música de cara divide opiniões e gostos. Principalmente porque ouvindo ao cd é uma coisa e em apresentação ao vivo é outra. Um ponto forte a ser destacado é o ritmo estilo rock progressivo e os gritinhos eufóricos, que cativam os fãs de carteirinha. Ou seja, é uma ótima canção e bem fora do comum.

4) Governa-me
Não adianta dizer que ela gostou de gravar essa, que muita gente amou, se arrepiou, porque essa é das estranhas. È algo meio “Sula Miranda” em “Siga bem caminhoneiro”! Não. Desculpem mas é muito caipira.

5) Amor Incorruptível (versão 2)
Depois da melosa versão de fossa no Amo Você 16, ela ganha essa roupagem mais “estradinha”. Sim. Melhorou e agradou. Nem importa se a letra é boba e sem noção. Essa coisa de “não quero mais um amor de homem ou mulher, mas só o de Deus” não rola. Tudo bem que o amor de Deus é o máximo, mas ninguém quer só “fazer a diferença” né? ” Fazer filhos” também é interessante. Como dizia Fernanda.. dá-me filhos se não morro!

6) Força do Senhor
Esta música é aquela velha tentativa de tentar mascarar uma canção pentecostal em algo “pop”. O interessante mesmo é perceber o quão frases do tipo “eu não vou olhar para trás” e “eu não vou parar...” conseguem dar o ênfase necessário a qualquer música evangelística. Enfim... É uma que ganha apenas por isso. Mas não chama a atenção em quase nada.

7) Terceiro dia
É o famoso rock básico. A caixa da bateria fica no “tuntá tuntá tuntá” até alguém perceber que a música é só isso mesmo. O tema de “chave do inferno” já deu o que tinha que dar. Fora que isso em música agitada fica meio sem sentido. Ficou meio “ThunderCats”.. sei lá.

8) Nas madrugadas
Parece aqueles CDs infantis “sono do bebê vol1”. É bonitinha, estranha e não fixa.

9) Renunciar
É quase uma continuação de “migalhas”. Essas músicas nos fazem pensar como seria um clipe de Marina gravando bem ao estilo “Fresno” e essas bandas meio emos de rock. Imagine ela dentro de uma mansão, cheia de jovens bebendo e pulando, gente se jogando na piscina e ela na sala, cantando com sua banda super “hardcore”. Essa a gente pagava pra ver a MK executando em vídeo. Mas, se Pamela não pôde rebolar em “eu adorei”, que dirá isso!! (risos)

10) Boas novas
Ótima. Quem curtiu a 10 anos atrás “Grande é o Senhor” (Ele Reina) do cd Aviva vai amar isso. É quase um resgate do estilo dançante “soul” da cantora. É o tipo de música que você vai acabar ouvindo todo dia pra sair de casa, tomar banho e limpar a casa.


11) Ofício Adorador
Uma música basicamente congregacional que trás uma frase bonita. “quero renascer, como em todas as manhãs, no teu amor”. No clima “roupa nova” a canção serve pra "encher linguiça" e ganhar um nome extremamente clichê. Será que alguém tem na carteira de trabalho “profissão: adorador”?
Pai.. perdoa.. Porque os compositores já não mais sabem o que fazem.



12) Feridas abertas

O nome já diz tudo. No especial 93 ela contou a dificuldade em gravar a faixa. Uma belíssima interpretação que ganha como a canção lenta mais linda do cd. Todos aqueles suspiros e respirações profundas típicas de Marina. Além de ter uma participação relâmpago de Jairo Bonfim.

Se estivermos corretos este ainda não é o novo marco de Marina. Seu último cd 5 estrelas foi “um novo cântico” gravado em 2002. Se os cálculos conferem, seu próximo cd maravilhoso será em 2012, né? Mas como o mundo vai acabar neste ano...

A cantora pode e deve ter todo o investimento da gravadora. É uma pena que o preconceito ao estilo, ao timbre e outras coisas mais acabam por atingi-la e deixá-la meio a margem do mercado.

Nossa recomendação era a de que Marina virasse a chave da criatividade mais uma vez dando uma guinada no estilo. Ela poderia, por exemplo, migrar para o estilo quase eletrônico, como a maioria das cantoras internacionais e maduras tem feito. Ou quem sabe, retornado um pouco ao estilo blues de antigamente. Mas, cremos que este cuidado e bom senso ela terá em seu próximo repertório assim como para o novo DVD! Esperemos...

Destaque para “Na extremidade”, “Migalhas”, “Amor incorruptível”, “boas novas”, "renunciar" e “feridas abertas”.

(de 0 a 5) 4 Estrelas para um cd que mesmo gravado muito rápido não deixou de ter qualidade. Esse trabalho é como aquele bom vinho. Não adianta beber direto. É preciso degustá-lo. Além disso, quanto mais velho melhor fica. Tanto que esperamos até agora para fecharmos a análise.

Porém o mais importante.. um trabalho profundamente emocional, que ganhou uma interpretação única diante de circustâncias tão escabrosas como as vividas pela cantora. O que sem dúvida aumenta em muito o valor do produto. Parabéns.

Vale a pena comprar? Vale.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Glórias! A Rainha está de volta


Ouro (40 mil cópias vendidas) em 15 dias. É mole ou quer mais?

Fernanda Brum volta em altíssimo estilo ao topo de vendas na MK Music. E dessa vez, não adianta nem Aline ir pra lá e pra cá em sua “estrada”. “Pra. Peniel” retorna completa, gritante e mais poderosa do que nunca.

Mas o q
ue aconteceu para que este seja um cd tão especial? A impressão que temos é a de que a cantora e seu marido produtor tenham passado dias, meses e anos dentro de sua “caixa das lembranças”, separando um repertório digno de “rainha pop”.

“Glória” não podia ter um nome mais propício. E não estamos nos referindo aos títulos pra lá de “gloriosos”. O conteúdo do produto é forte e causa um grande impacto a qualquer um que ouvir com atenção.

Teoria dos 10 anos
Lembram daquela expressão usada pela própria mk.. “10 anos de muitos louvor”? Pois bem. Acreditamos piamente de que esta “benção” ou “maldição” ronde o repertório dos artistas. Quem se lembra de “Quebrantado Coração” (2000)? Até então outro único cd 5 estrelas da “levita”. Tudo bem que logo em seguida ela conseguiu até 4 com o luxuoso “Apenas um Toque”. E tudo isso mesmo com aquela voz horrível.
Pois bem. Depois disso só vieram “singles”. (Cds que só contém até 5 músicas boas e audíveis)
E quem se lembra dos similares em 2000? “Aviva”, “com muito louvor”, “Deus proverá”, “Jozyane – Um novo coração”, “Liz Lanne – Deus disse sim”, “Por toda vida”, “Aos pés da Cruz”... lembram? TUDO foi um estrondo. E agor
a, em 2010, a empresa tem conseguido marcar seu caminho com proezas e músicas semelhantes.
“Cura-me” foi um single de sucesso. Mas este sim é um CD completo.

A produção
Emerson Pinheiro e Livingston Farias conseguiram arranjos inimagináveis. Como já era de se esperar, a fórmula musical de “cura-me” com seu “pianinho dramático introdutório” é novamente um dos carros chefes do produto. Porém desta vez, assim como a arte da capa, algo mágico veio junto ao conteúdo. Mixagens, reverber’s e delay’s mais cuidadosos e místicos. Quase como aquela época em que a cantora curtia tocar um shofar e jogar jarros de azeite em cabeças alheias.

Tudo isso só consolida uma verdade: O estímulo sonoro correto pode e nos leva a outras dimensões. E não queridos, não se trata “da Glória de Deus”. Mas sim de um belíssimo trabalho e tratamento digital em estúdio.

E cá entre nós.. Tudo de primeira hein!

Nada parece ter sido feito nas coxas. Até mesmo as pseudo cordas de Emerson não pareciam tão simples como antigamente.

Vocal
Sua voz voltou a alcançar notas altas? Quando ouvíamos só nos olhávamos com aquela expressão de “duvido que ela faça isso ao vivo”... Mas enfim. Mesmo passando pelo “autotuned” seus agudos ficaram bem interessantes. Inclusive firulas “Black”! Algo deixado há tanto tempo atrás em suas canções!

Participações e cia
Além do sempre tão bem treinado backing vocal, a abrilhantada participação de Jairo Bonfim apenas corroborou o sucesso da faixa título. Que, aliás, nos surpreendeu e muito em se tratar de uma faixa puramente “Black”! FINALMENTE! Honras e glórias também ao Coral Renovasom. Um charme a parte.
Aplausos ao back em faixas de peso como “No sangue e no fogo”, “A visão da Glória” e outras. Pra que coral se conseguiram simular algo muito próximo disto? Parabéns.
Adooooro essa devolução artística de favores. Depois de ter feito a “feat” na canção para mulheres abatidas, deprimidas e solitárias no cd de Ludmila Férber, Fernanda cedeu gentilmente o espaço em seu “puff do sucesso” para os “sussurros afinados de bodinho” de “Ludi”. Ficou “meiguinho”. Bem “laralá laralá” como a própria música diz.

Surpresas e Ousadias
Momento “Ana Carolina” em “Serpentes no deserto”? Vale a pena descobrir o lado “barzinho” da cantora sendo anexado ao gospel. Ah sim.. e o famoso ritmo baiano não é que pega? Nos vimos cantarolando “Eu quero ir além” lavando louça! SENHOOR!

Letras
Não é de hoje que percebemos que os saquinhos de chá que a artista anda tomando tem liberando tinta demais em seu pires. Mas cremos que este tenha sido outro grande “bum” pós “cura-me”. Não é preciso ser brega nem piegas cantando versículo após versículo da bíblia. O negócio é ser abstrato e poético. Sem dúvida falar de Deus em meio a um belo campo, lírios e um sol ao entardecer, e tudo isso, abraçada com Alda Célia no jardim secreto da adoração, uivando palavras desconexas, vende mais do que só falar de Jesus.

Exemplo: Ziguezagueando levado pelo vento | Envolto em shekinah eu vou, eu vou | Acima das estrelas | E tantos principados | Vou ziguezagueando pelo ar...

Entendeu? Não tente. Mas que é bonito é, né? O coro é melhor ainda...

Ele é general de guerra e nós somos labaredas | Andando pelo fogo, fogo no sangue e no fogo, fogo

Fernanda encontrou a medida certa entre a boa música e a boa letra. Falando principalmente das “quase” dores da alma. Falar que seus CDs têm sido praticamente “autobiográficos” também tem instigado e muito aos idólatras. Que inutilmente vão achar alguma informação pessoal da cantora. A não ser que por anos ela viveu “em cavernas e ninguém nunca notou”.

Coisas estranhas..
Às vezes temos a impressão de que se ela não fosse cantora estaria almejando algum cargo na política Brasileira. Vai gostar de se meter em assuntos sociais assim no inferno! Depois de “aborto não”, “eu quero ir” (aquela que parecia mais um ônibus lotado de tantas participações), “eu vou” (aquela que ela fala que vai a África, mas até hoje não vimos UMA foto no Twitter), ela vem com “pavão Pavãozinho”. Uma canção onde se diz indignada com a pobreza nas comunidades. Segundo sua própria expressão... “extrapolou”.
Mas enfim. Nada que tire a “glória” e os paetês do trabalho.

Destaques
Não tínhamos como fazer um análise faixa a faixa já que tudo está ótimo. Mas podemos aqui
dizer das que certamente vão mexer contigo. “A tua glória faz”, “a visão da glória”, “no sangue e no fogo” (nossa preferida), “A glória do pai” e “ninguém vai me segurar”.

(De 0 a 5) 5 Estrelas para um trabalho impecável e merecedor de todo o reconhecimento. “Parabéns a cada alma, Jesus, a cada vida que se envolveu por inteiro nesse projeto para exaltar ao TEU nome, espírito Santo (“tsu”) aleluiassssss.”

Vale a pena comprar? Finalmente algo que vale!