Um cd sensacional

Kleber definitivamente conseguiu renascer. Depois de estrondosos sucessos como “Deus cuida de mim” e “aos pés da cruz”, o artista conseguiu mais uma vez trazer um cd que marca a história da música gospel.

Gravado há cerca de 1 ano e engavetado pela gravadora, o projeto demorou para ser lançado. Porém, existem coisas que tem “o tempo de Deus” para serem lançadas. E dessa vez, vamos acreditar nessa demagogia gospel e dizer: “Sim! Esse foi o tempo certo pra isso”. Kleber vinha caindo lentamente em um leve esquecimento. Definido por alguns como “macaco” o compositor já não cantava. Era bem possível já pegar de suas mãos algum cartãozinho com o nome de Kleber Lucas – Animador de Festas e Raves.

Todo “canta” ou eventos eram a mesma coisa. Kleber aparecia com aquela pele suada e reluzente, ofegante, berrando “sacode, sacode” e conseguindo incrivelmente convencer as pessoas a fazerem tais loucuras. Sua incrível conexão com o público, além do talento inegável como excelente compositor e produtor, é a chave do sucesso que tem feito de nosso “pretinho” ainda o Rei da selva MK.

Porém agora a fórmula é voltar às coisas que para trás ficaram. “Meu alvo” vem “estiloso”, refinado, afinado no computador como sempre e recheado de participações especiais. Aliás, recheado até demais. Mas tudo bem... quem se dá ao luxo de pegar um avião no meio da noite ou do dia só porque ouviu a voz de Deus, pode simplesmente tudo em sua própria produção. A humilde lista traz Fernandinho, Marcão (ex-MK e vocalista do Fruto Sagrado) e outros.
Nívea Soares, por exemplo, participou da canção “Bom samaritano”. Bom ritmo e péssima filosofia. Pra quem ama aquelas coisas de “Deus me quer pras nações” vai se apaixonar. É aquela “aula de Geografia”. No meio da música vem aqueles países que certamente você nunca visitaria. “Camboja, Etiópia, Guiné, Tunísia, Sudão...” e outros cartões postais da miséria mundial. Ai que delicia! “Papai! Não quero ir mais a Disney... quero ver os ribeirinhos do Amazonas!”, deve dizer o pequeno Isaque (filho da Pastora Peniel).

Já as outras foram bem produtivas. A que Fernandinho participou inclusive virou título do trabalho. “Meu alvo” vem com aquelas letras estranhas de um passado que Kleber insiste em deixar guardado as 7 chaves. Nossa! Deve ser um verdadeiro espinho na carne! Amém, Pastor Kleber?

Mesmo assim várias são “hits”. “A voz do Pai”, com participação de Marcão, ficou ótima.
É tudo muito “decorável” e “viciante”. Ou seja, “chiclete”. Mas não é aquele “ping-pong” duro que nem tijolo não. É chiclete de primeiríssima qualidade. Como toda produção do cantor.

Apesar de assustarem no nome, “Efatá” e “Ziguezagueando” são uma das mais interessantes. A primeira simplesmente por ser algo que beira ao eletrônico. A única coisa de Kleber pecou foi na ausência de backs, que, aliás, arrasaram em “Incendeia”. Porém, “Efatá” pedia batidas mais tribais, pesadas e um belo coral gritando em vozes abertas. Sua voz é fofinha, mas não é tudo isso, meu caro “milkibar”.

Já “Ziguezagueando” é a nova “aos pés da cruz”. Você mergulha. E mergulha mais do que Liz Lanne em seu cd. Mergulha literalmente na presença de Deus. É aquela adoração livre e leve, que você simplesmente se declara aberto pra receber o “todo” de Deus. Só ouvindo.

As outras músicas preenchem o cd. Normal. E ao final, termina tudo não em pizza, mas em culto. Não em um culto alegre que se tenha a impressão de estar ao ouvir a primeira parte do cd. Mas naqueles cultos chatos, cheio de velhas pelo domingo de manhã. Nada contra quem curte algo mais “retro”! Mas sentimos muito em dizer: é chato. “Eu te louvarei” e “Graça” parecem verdadeiros sucessos do hinário Cristão, se é que não o são!

Sendo uma das mais impactantes, “Incendeia” ganhou o clipe como a principal de trabalho em vídeo. Merecido, afinal, estamos e sempre estivemos na época em que o bom clipe é o que vende a canção. Ainda mais se for uma mais ou menos, como no caso de “advogado fiel” de Bruna Karla. A diretora esteve inspirada e conseguiu retratar uma boa idéia. Chamou uma meia dúzia de jovens dançarinos (que erraram de vez em quando), fechou uma rua (provavelmente pertinho da MK), encheu tudo de gelo seco, luz, e tascou Klebinho fazendo caras e bocas no meio daquele “incêndio da Glória de Deus”. Ficou bom. Porém, a princípio, entendemos que poderia ter ficado como o clipe, ou melhor, ainda como o ao vivo da canção “Fly On The Wall” da cantora teen pop americana Miley Cirus. (Observem os bailarinos próximo ao final). Ou seja, a idéia poderia ter sido mais bem aproveitada, dando uma real conotação de seres das trevas querendo cercar Kleber, e ele, com seu belo "corpinho celestial", tascando-lhe fogo no R#$@ dos demônios. Ah sim! E faltaram as chamas. Mas, para um começo e a enorme demanda dada a Dayane Copperfield, foi um ótimo trabalho. Lembrando também que o artista SEMPRE AJUDA. “Klebinho” parece já ter nascido numa bacia de purpurina. (E dessa vez nos referimos apenas ao brilho interior do ser humano!)

Só um detalhe... Felipe Arcanjo tome cuidado na hora da edição. Algumas cenas você deixa no ritmo e outras fora. Fica perceptível para pessoas mais observadoras... como nós.

Classificação: Um cd para todo momento. Rua, casa, festa, culto... Vais ouvir por um bom tempo!

Destaques para: Meu alvo, Efatá, Incendeia, Ziguezagueando e a Voz do Pai. Além disso, no clipe, destaque para o beicinho e a carinha de mal durante e ao finalzinho do clipe que ele dá para a câmera. (risos) Uma graça... nas mãos do Oleiro.

(de 0 a 5) 4 Estrelas para um cd com peso de Platina e que não perde pontos por ter algumas sem graça. Só ganha pelas excelentes contidas nele.

(de 0 a 5) 4 Estrelas para um clipe ótimo que poderia ser perfeito. Mas amém, Dayane. O importante é que você é um dos eixos para que MK ainda seja MK.