MK3 News

Um cd banhado de excelência. Pelo menos essa já é impressão inicial que tivemos com todas as primeiras faixas.
Isso é claro, levando em conta se tratar de um cd de ministério.

Sarando a Terra Ferida, que apesar de um nome esquisitíssimo, foi um que em plenos tempos de crise sobreviveu de pé na MK. O último registro de sucesso no histórico da gravadora foi a extinta Igreja Batista Nova Jerusalém. Regida pela irritante Denise, e seu marido, pastor dos berros e belas canções, Samuel Gonçalves.
O molde deu certo durante um tempo. Isso, enquanto não notaram que nenhum dos 2 cantava nada.

Agora o novo “bum” do cast “louvor das igrejas” vem com seu maior coringa. A belíssima voz de Lenny. Uma solista como poucas. Até mesmo na própria empresa não há nada comparável como carreira solo.

Mas este não seria seu maior mérito. Com a canção “seja adorado”, o grupo conseguiu rapidamente encabeçar a lista dos talentos MK. A renovação de contrato aconteceu e o grupo ressurgiu com “O novo de Deus”. Um cd bem inteligente, com os mesmos excelentes arranjos e com a sugestiva e intensa participação de Marina de Oliveira na canção “Intimidade”.

Agora, ainda mantendo a mesma coesão musical, e adentrando aos moldes das canções facilmente assimiláveis, chega “Tempo favorável”. É interessante notar que eles sempre conseguem utilizar nomes e temas fortes em cada trabalho. E talvez seja esse um dos segredos. Não é apenas um cd. Nem um “novo tempo”. É praticamente um novo conceito a cada trabalho.

O cd já começa animado com a canção “o melhor de Deus”. A interpretação de Lenny como sempre um caso a parte. Dando inclusive resvalos em seu charmoso sotaque carioca. Em seguida, a belíssima canção “o haja de Deus”.

A formula do cd optou por hipervalorizar sua melhor vocalista. E isso perdura até a faixa 3, titulo do cd. É interessante que nas primeiras vezes ouvindo você já começa a decorar alguns trechos.

“só me resta te adorar” é um gostosinho “bubaloo”. Aquela canção que você adoora cantar a cada domingo em sua igreja. Que faz todo mundo pular pelo simples fato de adorar. E Ramona Freitas sem dúvida é a “step” da oficial. Que mesmo não tendo toda aquela voz, manda seu recado e segura bem toda a banda. Só não podemos deixar de comentar que ProTools imperou ali na afinação, né?!

E volta Lenny. “Indesistível” é tão exuberante como a intérprete. Um ritmo agradável. Uma letra confortante e revigorante.

“o Grande Eu Sou”. Algo a dizer contra? Eu não.

“Fornalha” é aquela música “faz número”. Aquela que acaba repetindo todo o tema já abordado. Não é ruim. Apenas aquela que você pode acabar dizendo... “passa”. Mas certamente é comercial e boa pra tocar em rádio.

“Um novo tempo” finalmente descansa nossos ouvidos da “Christina Aguilera” do ministério. A canção é meio rock, coisa já muito comum na voz de Polly. Porém, sua interpretação anterior na canção “extravagante sou” foi pouco mais feliz do que esta, afinada em computador.

“Lugar em Ti” nos trás novamente aos trilhos do cd. Apenas trás aquela temática de entrega radical a Deus. Um pouco chocante a algumas mentes e denominações mais racionais.

De repente o cd vai ao chão. Nada pode ser perfeito. E nisso nós já somos até especialistas, não é mesmo? Que “coisa de Deus” é essa? É aquele tipo de expressão que após virar modismo se tornam uma boa idéia na cabeça de algum compositor lunático. Ou claro, às vezes “precisamos” completar 14 músicas. Logo... “joga aquela que estava na gaveta mesmo”. Ou então, “cadê aquele baterista que disse que tinha composto uma música pra nós? Trás lá!”
Acho que esse foi o sentimento do responsável em por essa “bosta” no cd.

Certo dia eu estava explicando a alguém que a pouco conhece música gospel. Disse que o tema bíblico por vezes cai no risco de ser repetitivo. Todo mundo já sabe que o mar se abriu, que o leão NÃO comeu Daniel na cova (não tem nada de jejum. Leão não escolhe fazer propósito de oração gente. Não viaja!), que ele andou na fornalha com seus outros amiguinhos e etc.
E “cura” também é um tema bastante corriqueiro. Mas, que precisa SEMPRE ser tratado com muita classe. Não simplesmente chegar cantando... “sara-me Senhor!!!”. No entanto foi o que foi feito com “sara-me”. Deve ter sido aquelas canções que nasceram num momento espontâneo no meio do nada. Chamemos Ana Paula Valadão! Ela é expert nisso!!

Não dá pra entender. O som, os ritmos... tudo começa a ficar meio “trem fantasma” a partir da faixa 8. “Sou o que sou” traz o trocadilho:

“o ‘Eu sou’, o ‘faz-me ser o que sou’”. (ai meu Deus...)

Enfim gente. Cd de igreja nunca foi todo perfeito. Acho que só mesmo Comunidade da Zona Sul já chegou perto da perfeição no segmento.
Não sei por que ouvindo essa música me lembrei de Cazuza. Alguma conexão lógica nisto?

“Sarado estou” nos trás aquele clima “barzinho”. Uma bela intérprete em uma balada sem grandes exageros, mas passando a mensagem de forma bem elegante. Aliás, a primeira estrofe é “eis aqui voltei pra agradecer...”. Algo muito sugestivo já que Ramona quase não canta. Algo injusto já que sua voz, apesar de não tão possante, é bem “agradavelzinha”.

Que sacrifício gente, ouvir esses cds inteiros. Principalmente porque pra escrever pra vocês não admitimos ouvir de qualquer jeito. Ouvimos faixa a faixa sentadinhos. (risos)

E lá vem novamente o “projeto de David Quinlan”. Pelo menos deixaram a música profética para o final. “Eu levarei a tua palavra” é aquele tipo de música com todo aquele tipo de comprometimento que só envolve levitas. Fala de “ano aceitável”, alvos, metas e conquistas de números pra Jesus. Ou seja, se você é povão, não canta em louvor, não gosta de missões ou não faz nada na igreja a não ser assistir ao culto, ignore.

Em suma, um cd interessante. Mas como todo cd de igreja, não é bom por completo.

(0 a 5) 3 Estrelas pra um cd que é excelente pela metade. Vocal, instrumental e outros atributos já estão no caminho certo para os próximos discos. Parabéns e sucesso ao grupo.

Vale a pena ser comprado?

VALE